Gênero: Thrash Metal
SOBRE O ÁLBUM:
É bem raro que uma carreira tenha uma segunda chance, muito menos uma segunda era completa, mas o ANTHRAX, como estamos cansados de saber, não é uma banda comum.
Formado em Nova York em 1981, o grupo que venderia mais de dez milhões de discos e se tornaria a personificação viva da resposta americana de alta qualidade, cuspidora de riffs e estridente para o NWOBHM, não passou por uma, mas por duas eras completas... Mas essa não é sua verdadeira conquista. Mais do que o grupo que deixou um incipiente METALLICA tocar em seu estúdio em 1983, que se tornou um para-raios para o mundo nerd ao imortalizar o Juiz Dredd na música ’I Am The Law’ do álbum "Among The Living" de 1987, que entusiasticamente levantou o dedo do meio para os críticos e para os fãs sem imaginação nenhuma ao colaborar com os rappers do PUBLIC ENEMY em 1991, e que com o lançamento de "Worship Music" 2011 provou que os álbuns clássicos não são um conceito ultrapassado, a história do ANTHRAX é uma história cheia de determinação e coragem diante de probabilidades ultrajantes.
A quarta banda mais animada do Big Four é, sem dúvida, o único membro dessa lendária fraternidade que manteve seus olhos tão firmemente voltados para a frente e que entregou sua música de forma tão consistente, tanto em cima do palco quanto dentro de um estúdio. Ironicamente, foi no palco ao lado dos seus cúmplices imortais que a história do 11º disco de estúdio do ANTHRAX começou. Ver o nome da banda ao lado de outros como SLAYER, MEGADETH e METALLICA nos cartazes iluminados teve um efeito catalisador sobre a banda que estava meio cansada pelos anos de trabalho árduo e tempos de mudança. De acordo com o baixista Frank Bello, não foi apenas um lembrete potente do que eles fizeram nos anos 1980, mas também de quão longe eles chegaram.
Como qualquer banda, o ANTHRAX tem seus altos e baixos criativos, mas eles são apenas um complemento da sua química única. Embora todos os cinco membros contribuam com ideias e façam sugestões para praticamente todas as músicas, o baterista Charlie Benante faz as primeiras incursões na composição com riffs base e outras ideias, o guitarrista Scott Ian tem uma maneira muito particular de incorporar suas intensas ideias líricas à música da banda, Bello provou ser um compositor de melodias muito talentoso, algo que ajudou a diferenciar a música da banda de outras do mesmo gênero, Belladonna cria seus vocais para melhor utilizar sua voz aguda e o guitarrista Jon Donais traz inúmeros leads esmagadores. No final, os cinco juntam tudo para criar o que é simplesmente a música do ANTHRAX.
Scott foi o primeiro a admitir que a história de "For All Kings" não foi exatamente convencional ou sem contratempos. No verão americano de 2012, Charlie percebeu que, devido à sua síndrome do túnel do carpo, ele não poderia se juntar à banda em todas as datas da turnê. Mas Charlie não queria ficar parado em casa e começou a compor riffs para o novo álbum.
"Quando a turnê com o Mayhem terminou", disse Scott, "Frank, Charlie e eu nos reunimos na Jam Room, na minha casa em Los Angeles, e começamos a fazer os arranjos. Essas primeiras sessões foram inacreditáveis".
Crucialmente, Charlie usaria uma arma secreta que se tornaria a peça fundamental para o processo de criação de um álbum que se destacaria em um catálogo repleto de alguns dos lançamentos mais importantes e influentes de todos os tempos: uma guitarra mutante chamada The Shark.
"É uma história estranha", diz ele. "Paul Crook, que era nosso guitarrista (1995-2001), me apresentou a um grande amigo dele de Las Vegas, Mark Katzen, que passava o tempo todo fazendo guitarras personalizadas. Eu queria essa réplica do Eddie Van Halen, que foi tirada de uma Ibanez Destroyer, mas agora parece uma Explorer. Mark fez uma réplica exata para mim e, desde o momento em que a recebi, havia algo de estranho nela - era como se eu quisesse continuar tocando. Cerca de um ano depois, fiquei sabendo que Mark havia falecido e tive uma sensação estranha em relação à guitarra, como se ele a tivesse enchido de riffs e dissesse: ’aqui, pegue isso e faça algo incrível com ela’".
O resultado é um disco tão diversificado quanto satisfatório: um banquete para os ouvidos e uma espécie de volta da vitória para uma banda que tem a distinção única de inventar o que faz e, ao mesmo tempo, ser sempre a melhor no que faz. Desde a fúria direta e sem rodeios de ’You Gotta Believe’ e ’Evil Twin’ até a obra-prima de riffs pesados e extensos ’Blood Eagle Wings’ e sua majestosa faixa-título, "For All Kings" foi, segundo Joey, tão divertido de gravar quanto de ouvir. Isso se deve ao trabalho magistral do coprodutor Jay Ruston que já tinha trabalhado com a banda em "Worship Music".
Houve outras mudanças também. Em 2013, foi anunciado que Rob Caggiano, o guitarrista de longa data que se tornou conhecido por seus surpreendentes solos e por suas palhaçadas nos bastidores, deixou a banda para retomar ao seu papel de produtor, mas não antes de apresentar à banda o altamente respeitado destruidor Jonathan Donais do SHADOWS FALL. Seria uma experiência emocionante para Jon, pelo fato de agora ser membro em tempo integral da banda da qual ele sempre foi muito fã.
"For All Kings" é muito mais do que apenas a música e fiel à forma do ANTHRAX, não está apenas repleto de referências à cultura pop, mas também de subtextos mais profundos que revelam a cuidadosa arte que sustenta tudo o que eles fazem. Como Charlie explica, embora o 11º álbum de estúdio do ANTHRAX não tenha um tema recorrente, há um significado em tudo que vem direto do coração.
"Para mim, um rei não significa o rei Henrique VIII", diz ele. "Meu pai faleceu quando eu tinha cinco anos de idade. Eu nunca tive um relacionamento com meu pai, então procurei modelos e inspirações em outros lugares. O KISS foi muito importante para mim, eles eram como reis para mim. E é a eles que esse disco é dedicado - essas pessoas, talvez sejam figuras do esporte, membros da família - as pessoas que são importantes na sua vida".
Observe atentamente a arte do álbum e você perceberá as impressões digitais de um desses heróis na vida da banda: o trabalho inimitável do artista de quadrinhos e apoiador de longa data do ANTHRAX, o talentoso Alex Ross, cujas representações imortais de personagens clássicos da DC e da Marvel estão em destaque em seu portfólio.
"Em termos de letra, não há um conceito geral", acrescenta Scott. "Agora tenho um filho, e este é o primeiro disco para o qual escrevi letras desde que tive um filho. É assim que vejo o mundo agora. Você traz uma criança para o mundo e tudo fica muito mais assustador. Do medo surge a raiva e isso faz com que você odeie o mundo ainda mais. Você tem esse ser humano pelo qual levaria uma bala - eu faria qualquer coisa para proteger meu filho -, então a maior parte do álbum vem desse lugar. Não escrevo letras felizes, mas ter um filho neste mundo e depois me dizer que eu não deveria ficar com raiva? Esse foi o grande medo e frio que senti na minha barriga e deveria extrair".
O resultado é um álbum que é tão feroz quanto sublime, tão atual quanto clássico. Desde a brilhante faixa de abertura ’You Gotta Believe’ e ’Breathing Lightning’ até a majestosa de sete minutos ’Blood Eagle Wings’, "For All Kings" é o álbum quintessencial do ANTHRAX e a prova definitiva de que não se pode deixar uma boa banda na mão.
[Texto extraído do release original de 2016]
TRACK LIST
1. You Gotta Believe
2. Monster at the End
3. For All Kings
4. Breathing Lightning
5. Suzerain
6. Evil Twin
7. Blood Eagle Wings
8. Defend/Avenge
9. All of Them Thieves
10. This Battle Chose Us
11. Zero Tolerance
FORMAÇÃO
Joey Belladonna » Vocal
Frank Bello » Baixo
Charlie Benante » Bateria
Jonathan Donais » Guitarra
Scott Ian » Guitarra